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Plantas estrategistas contribuem para recuperação de áreas alteradas

Editoria: Vininha F. Carvalho 27/04/2012

Quando se fala da biodiversidade Amazônica logo vem à mente beleza, riqueza e números elevados que sugerem uma variedade grande de espécies.

Entretanto toda essa riqueza não foi ainda explorada e por isso é necessário conhecer os recursos de biodiversidade da Amazônia que possam contribuir para o seu desenvolvimento.

É com esta finalidade que o pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI) Luiz Augusto Gomes de Souza dedica sua carreira a estudar uma família de plantas extremamente diversificada e que na região amazônica é bastante numerosa, as Fabaceae, conhecidas também como leguminosas.

A necessidade de valorizar economicamente a biodiversidade é apoiada em pesquisas sobre os recursos da vegetação nos diferentes biomas amazônicos.

“Neste cenário, um levantamento abrangente das espécies de Fabaceae nas matas primárias de terra firme, campinaranas, igapós e mesmo em áreas submetidas a alterações em nossa região, torna-se essencial para um aumento do conhecimento e das possibilidades de aproveitamento das espécies existentes nesta parte da Amazônia”, explica Souza.

Há uma grande variedade de hábitos de crescimento dentro da família botânica das leguminosas e as espécies variam de ervas anuais a árvores de grande porte.

“O Brasil tem um estoque genético muito grande dessas espécies, como, por exemplo, copaíba, cumaru, jacarandá, visgueiro, macacaúba, mulungu etc, que são árvores de grande porte encontradas facilmente na floresta Amazônica”, acrescenta o pesquisador.



Plantas estrategistas:

Classificadas como plantas estrategistas, as Fabaceae, contribuem para a melhoria dos solos em áreas degradadas ou mesmo em práticas relacionadas com a agricultura sustentável.

Uma das particularidades de muitas espécies que compõem essa família de plantas é a capacidade de captação do nitrogênio atmosférico através da associação com bactérias do solo (conhecidas como rizóbios).

“Isto se torna possível, porque através desta associação, há a formação nas raízes das plantas, de estruturas benéficas chamadas de nódulos radiculares, onde ocorre a fixação do nitrogênio, acontecendo então uma das mais perfeitas e práticas relações ecológicas identificadas entre os vegetais e os microrganismos”, esclarece Luiz Souza.

No processo da fixação de nitrogênio (passagem deste elemento da forma gasosa para a estrutura dos compostos orgânicos do interior da planta), a leguminosa alimenta a bactéria com produtos da fotossíntese e a bactéria é responsável pela assimilação do nitrogênio que está na atmosfera tornando-o disponível para o desenvolvimento da planta, onde o nitrogênio está presente principalmente nas folhas e, desta forma, entra no solo e nos sistemas de produção agrícola.

Para o pesquisador, apesar da região amazônica possuir “uma mata exuberante”, as áreas de terra firme apresentam problemas relacionados ao solo, pois muitas vezes estes são ácidos ou arenosos e podem ter níveis excessivos de alumínio trocável, o que compromete a fertilidade, em decorrência da baixa capacidade de retenção de nutrientes ou mesmo pela presença de elementos tóxicos.



Estudos associados:

Para conhecer mais sobre as potencialidades da biodiversidade e dos recursos naturais da região Amazônica, Souza realiza dentro do projeto CTPetro Amazônia estudos agronômicos e silviculturais com as leguminosas da Bacia Petrolífera de Urucu, município de Coari (AM), com o intuito de identificar entre as espécies presentes naqueles ambientes, quais são as mais aptas para um plantio mais intensivo e que podem contribuir para a recuperação de áreas alteradas.

Nos trabalhos já realizados na área foram identificadas 80 espécies de leguminosas, sendo 51 árvores, 17 lianas, seis arbustos e seis ervas. Assim, a elevada biodiversidade vegetal da área, sugere um melhor aproveitamento do potencial econômico e ecológico das espécies como área de coleta de sementes para pesquisa, reflorestamento e recuperação de áreas degradadas.

“As diferentes espécies de Fabaceae podem ser úteis e aproveitadas nos agroecossistemas para produção de madeira e seus subprodutos e também como plantas que podem oferecer serviços aos sistemas de produção pelo cultivo para adubação verde, sombreamento, sistemas agroflorestais, cobertura do solo, controle de erosão, etc., contribuindo com o incremento e sustentabilidade em nitrogênio nos sistemas em que são consorciadas”, exemplifica Souza, que acrescenta ainda que o avanço dessas pesquisas podem “indicar as melhores espécies para cultivo, contribuindo para a conservação e preservação dos recursos de biodiversidade existentes naquelas áreas”.

Fonte: Jéssica Vasconcelos/CTPetro