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Transtorno obsessivo compulsivo (TOC) pode vitimar os cães

Editoria: Vininha F. Carvalho 13/09/2013

O Brasil tem hoje 32 milhões de cães, de acordo com a Associação Nacional dos Fabricantes de Alimentos para Animais de Estimação, a Anfal Pet. São números que não param de se multiplicar, comprovando que o convívio com os animais é uma experiencia extremamente gratificante, desde que seja feita de maneira consciente e responsável.

A felicidade de um animal é um dom que impõe obrigações morais tão grandes quanto aquelas impostas pela amizade a um ser humano. Quem mora em uma casa, então, tem ainda mais motivos para adotar um animal. Com certeza, um animal fica muito mais feliz em contato com a natureza, desfrutando de uma área verde. Afinal, a natureza também traz conforto biológico a eles. Uma casa iluminada, com uma decoração singela, quintal e plantas carinhosamente cultivadas, somando a presença de um animal , se transformará num lar com muito mais energia e vitalidade.

Territórios estabelecidos, é a vez de preparar o local para recebe-lo, observando detalhes importantes.Plantas tóxicas, como espirradeira ou comigo-ninguém-pode, devem ser evitadas no jardim. Já dentro de casa, manter a lixeira e materiais de limpeza longe dos animais. Animais novos são muito curiosos, por isto, é importante mante-los distantes da fiação elétrica.Além disso, é preciso educá-lo para não destruir a casa na ausencia dos donos.

Animais, em geral, são bons companheiros para idosos, podendo até ajudá-los no combate a depressão. Cuidar da limpeza do animal e do seu habitat, cuidar da sua alimentação, medicá-lo quando necessário, também favorece o desenvolvimento do vínculo afetivo e a lidar com os mais diversos sentimentos, da frustração à alegria e até à morte. É neste aspecto da vida e da morte que o animal de estimação tem um papel muito importante, principalmente para as crianças aprenderem a se relacionar com o sentimento de perda e da dor interior.

Investir tempo e afeto na relação ajudará a evitar os distúrbios de comportamento. O espaço onde o animal permanecerá precisa oferecer segurança, higiene e conforto. Se a vida do cão for sempre um eterno competir com outros cães ou pessoas, como crianças da casa, seja por comida ou atenção do dono, isso poderá ocasionar um estresse. Cães mantidos na corrente por longos períodos, longe do convívio com as pessoas, também sofrem muito.

O cão que não tem diversão ou fica muito tempo sózinho ou dentro de um apartamento, necessita de uma atenção muito maior, pois terá tendência a se entediar e desenvolver hábitos destrutivos, como roer móveis , rasgar roupas ou brincar e comer as próprias fezes, como passatempo. Muitas vezes o cão que vive em áreas restritas defeca próximo a sua “cama”. A ingestão de fezes pode tornar-se um desvio comportamental numa tentativa de manter o local limpo. O cão não gosta de dormir perto de suas fezes, por isso é necessário fazer uma higienização constante.

Existem animais, que além de ficarem a maior parte do tempo dentro de um apartamento, quando saem as ruas para passear, os donos inibem até mesmo pequenas atitudes normais, como por exemplo, cheirar a cauda de outros cães do mesmo porte, com receio que ocorra uma briga. Estas atitudes podem ser muito prejudiciais para o equilíbrio emocional do animal, ele ficará cada vez mais deprimido.

Para garantir a qualidade de vida do animal o ideal é proporcionar bastante exercício, e colocar a disposição brinquedos diferentes, inclusive aqueles que estimulam o busca e traz. Os cães apreciam interagir com os donos e receber atenção. Mas mesmo assim para alguns cães isso parece não ser suficiente, eles necessitam de correr, pular ou até mesmo nadar. È necessário descobrir as aptidões do animal para promover a interação adequadamente, até porque, cada raça tem suas peculariedades. Comandos errados na hora errada desencadeiam comportamentos errados, assim como bronca dada de forma incorreta pode até incentivar o cão a repetir o ato.

O ambiente em que o cão vive e sua relação com o dono podem afetá-los profundamente, desenvolvendo distúrbios de comportamento permanentes. Os comportamentos compulsivos são muito difíceis de serem tratados, uma vez estabelecidos. Existem várias fontes de estresse na vida dos cães. Se os donos trabalham fora o dia inteiro e deixam o cão sozinho, ele terá mais dificuldade para desenvolver seu comportamento canino normal.

Confinamento prolongado que leva a falta de estímulos precisa ser evitado, embora uma rotina saudável precisa ser estabelecida. Os cães são muito sensíveis a relacionamentos instáveis, mudanças no grupo social e em alterações em sua própria posição social. Conduzir uma relação equilibrida propicia um comportamento tranquilo no animal. Se um cão forma laços tão fortes com seu dono ao ponto de se sentir inseguro longe dele, acabarará desenvolvendo a ansiedade de separação, um distúrbio grave que provoca muito sofrimento, alguns choram desesperadamente.

Animal que convive sómente ao lado de seres humanos, afastado totalmente de seus semelhantes, está mais sujeitos a manifestar problemas de comportamento.O estresse pode durar por períodos curtos, e uma vez removido, o cão volta a sua rotina normal. Se, por outro lado, a situação se prolongar, os danos podem ser irreversíveis.

Os cães estressados podem ficar repetindo o mesmo comportamento várias horas por dia, sem parar, mesmo que a causa original do estresse não esteja mais presente. Pode chegar até ao que chamamos desordem compulsiva, conhecida em humanos como TOC, ou Transtorno Obsessivo Compulsivo, onde o cão realiza o comportamento enquanto estiver acordado, só parando ao adormecer. Alguns lambem uma parte do corpo, outros andam em círculos, ou latem no mesmo tom e volume sem parar.

O importante é identificar se o animal está manifestando algum comportamento compatível com estresse e tentar eliminar a fonte do problema. Se o cão lambe muito algum lugar do corpo, é necessário repreendê-lo e, assim que ele parar, recompensá-lo. Desviar sua atenção do comportamento com uma brincadeira bem interativa é uma boa opção.

Infelizmente, pode acontecer que a raiz do problema esteja na condição de vida imposta pelo dono, um local inadequado e sem o mínimo de carinho. Existem relatos de cães com dermatites crônicas que mudaram de ambiente e foram completamente curados.

A maneira correta para os donos prevenirem o estresse é criar uma rotina saudável para o animal. Exercício diário é fundamental, cães que conseguem gastar bastante energia são mais equilibrados.

O convívio com um animal nos compromete a cuidar de alguma coisa fora de nós mesmos. Nos impulsiona a tentar suprir as necessidades deste ser tão indefeso. Este tipo de relacionamento entre os humanos e os animais esta alicerçado na generosidade, onde o resultado obtido esta diretamente relacionado a dedicação e o amor que investimos.

Está comprovado cientificamente que ter um animal em casa contribui muito para a qualidade de vida, mas eles não podem ser vítimas de uma vida vazia, precisam de companhia, equilíbrio emocional e físico, assim como todos os seres vivos, merecem ser felizes.

O papel do médico veterinário hoje em dia, não deveria ser apenas realizar diagnósticos e promover a cura as doenças, mas deveria cuidar do bem estar de seus pacientes. E quando o animal chegasse a clínica , para a primeira consulta , a pergunta deveria ser :- “este animal é feliz?” - A partir daí, muitos males poderão ser evitados ou adequadamente tratados.

Os animais podem nos ensinar muito sobre os seus verdadeiros sentimentos , basta apenas ter sensibilidade para deciframos suas atitudes.






Fonte: Vininha F. Carvalho - Del Valle Editoria