Editoria: Vininha F. Carvalho 18/11/2009
Mais da metade das pastagens da Amazônia está em processo de degradação. É o que indica uma estimativa feita pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), que mostra que a recuperação das forrageiras na região é a alternativa para manter a competitividade da pecuária, sem elevar os índices de desmatamento.
Pesquisas voltadas à recuperação de pastagens foram apresentadas no II Rondônia Leite, evento que reuniu especialistas de todo o país, e se encerrou hoje, em Rondônia.
"É preocupante a degradação de pastagens, não apenas na Amazônia, mas em todo o país", salienta Marcos Roveri, diretor-executivo da Associação para o Fomento à Pesquisa de Melhoramento de Forrageiras Tropicais (Unipasto).
"O apoio do governo em programas de recuperação de áreas degradadas, hoje estimadas em 70 milhões de hectares, é um ótimo caminho para contribuir com a cadeia produtiva e, ao mesmo tempo, preservar o meio ambiente", destaca Roveri.
Fatores naturais fazem da região Amazônica um importante pólo para a agropecuária e para o desenvolvimento de pastagens. O clima que combina temperaturas elevadas com um alto volume de chuvas é bom para o crescimento de forrageiras.
Porém, como alerta Carlos Maurício Soares, pesquisador da Embrapa Acre, é importante recuperar a área quando ela se tornar improdutiva.
A presença de fungos, a falta de manutenção do solo, o elevado número de animais por região de pastagem e as cigarrinhas, praga das forrageiras, são as principais causas de degradação.
Não existe uma fórmula certa para a recuperação das áreas de forrageiras, segundo Soares. Cada região precisa ser analisada para verificar as causas da degradação. É necessário que se faça um manejo adequado do solo e que as origens do problema sejam eliminadas, caso contrário a área pode continuar improdutiva.
O sistema de produção a pasto coloca o Brasil em uma posição privilegiada e competitiva juntos aos mercados internacionais.
"O problema da degradação da pastagem precisa ser mais bem entendido por todos, para que o sistema seja produtivo e ao mesmo tempo sustentável", adverte Roveri.
"A recuperação das áreas evita que novas regiões sejam abertas para o pasto e, com isso, preservam o meio ambiente", completa.
Sobre a Unipasto:
A Associação para o Fomento à Pesquisa de Melhoramento de Forrageiras Tropicais (Unipasto) é uma associação composta por empresas e produtores de sementes de forrageiras distribuídos pelos Estados da Bahia, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais e São Paulo.
A entidade foi criada em 2002 a partir da parceria junto à Embrapa, com o objetivo de apoiar financeiramente a pesquisa no desenvolvimento de novas cultivares de forrageiras tropicais.
Sobre o Estado de Rondônia:
Com população de 1,4 milhões de habitantes, Rondônia é Estado que mais cresce no Brasil, além de ser o terceiro mais populoso e de maior densidade demográfica entre os estados da Região Norte. São 52 municípios entre os quais se destacam Ji-Paraná, Ariquemes, Cacoal, Vilhena e a capital Porto Velho.
Da área total de 237 mil km², 85% tem potencial produtivo, segundo a Embrapa. Além do crescimento econômico sustentado principalmente pela agropecuária, duas hidrelétricas em construção sobre o Rio Madeira - Santo Antônio e Jirau - respondem pela geração de 30 mil empregos de 2009 a 2019.