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Pit Bull – Medo e preconceito !

Editoria: Vininha F. Carvalho 19/10/2007

“American”, é onde foram aperfeiçoados, “Pit” faz menção ao local onde ocorriam as brigas, o “ringue” e os termos Bull e Terrier remete aos seus antepassados. American Pit Bull Terrier, um ilustre e adorável desconhecido, que nos últimos dias tem causado pânico às pessoas sem informação e sido um “prato cheio” aos veículos de comunicação descompromissados com a verdade. Conhecer a raça é respeitá-la!

Originalmente, o American Pit Bull Terrier, mais conhecido como Pit Bull é uma raça, aperfeiçoada pela cruza de dois tipos antigos de cães, o Bulldogue (Molosso) e Terriers. O intuito era unir a agilidade com a capacidade física para luta, e luta até a exaustão. Isso para a prática do Bull baiting, esporte antigo e muito comum, em que os cães enfrentavam touros, ursos, leões e, posteriormente, outros cães (surgindo então a famosa rinha).

Nessas rinhas, uma das regras era a de que, os cães jamais poderiam morder o “juiz”, sob a pena de serem desclassificados, esses “juízes” eram responsáveis por separar os cães utilizando um break stick (bastão em formato de cunha que servia para abrir a boca dos cães, como uma alavanca) e suas próprias mãos.

Nesta época, o cão de briga era extremamente valioso, sendo assim, era vendido com freqüência e animais agressivos eram sumariamente descartados, não passando adiante seus genes (procriação), pois era necessária a adaptação a um novo lar, pessoas, treinamento e treinador. Historicamente, depois que voltavam das rinhas, esses cães eram cuidados pelas crianças das casas dos criadores.

Desde seus antepassados o APBT (American Pit Bull Terrier), não foi classificado ou “utilizado” como cão-de-guarda, isto devido à raça ser extremamente amigável, mesmo com desconhecidos. Na tentativa de transformar um APBT num “cão de guarda”, os resultados podem ser os mais temidos e desastrosos. Mesmo sem saber, alguns proprietários ao isolá-lo em um canil, impedindo-o de ter contato com pessoas e outros animais, consegue-se apenas, que o cão se torne cada vez mais desconfiado, “anti-social” e por muitas vezes medroso. E um cão medroso ataca com mais fúria do que um cão na defesa de seu território. Neste contexto, pode sim atacar qualquer pessoa, seja ela quem for, desde que se sinta ameaçado.


Características:

Segundo a Confederação Brasileira de Cinofilia – CBKC – o órgão que regula a criação de cães de raça no país:
www.cbkc.com.br/padroes/pdf/grupo11/americanpitbull.pdf.

“As características essenciais do APBT são a resistência, a autoconfiança e a alegria de viver. A raça gosta de agradar e é cheia de entusiasmo. O APBT é um excelente cão de companhia e é notável o seu amor por crianças. Pelo fato que a maioria dos APBTs apresentarem certo nível de agressividade contra outros cães, bem como pelo fato de seu físico ser poderoso, a raça necessita de proprietários que os sociabilizem cuidadosamente e que treinem obediência aos seus cães.

A agilidade da raça torna-a num dos mais capazes caninos, portanto uma boa cerca é necessária para a raça. Comportamento agressivo para com o ser humano não é característico da raça, portanto isto é extremamente indesejável.

A raça se sai muito bem em eventos performáticos por seu alto grau de inteligência e sua vontade de trabalhar. O American Pit Bull Terrier sempre foi capaz de executar uma grande variedade de trabalhos, portanto, exageros ou faltas devem ser penalizados na proporção do quanto podem interferir na versatilidade do cão.”


Uso da Focinheira:

A transpiração do animal se dá pela boca, a utilização da focinheira em determinadas situações pode prejudicar o animal, e em casos extremos levá-lo à morte. Porém é necessário, por determinação da Lei nº 11.531, de 11 de novembro de 2003, o uso de coleira, guia curta de condução e enforcador para a condução em vias públicas, logradouros ou locais de acesso público exige a utilização, para os APBT e os cães das raças: mastim napolitano; rottweiller; american stafforshire terrier e raças derivadas ou variações de qualquer das raças indicadas nos incisos anteriores. Em centros de compras ou demais locais fechados, porém de acesso público, a condução dos cães dessas raças deverá ser feita sempre com a utilização também da focinheira.


Verdades e mentiras sobre o APBT:

Não é sociável com outros cães. Isso por ser uma raça de total dedicação a seu dono, o que a torna ciumenta. Além do mais, ao longo dos anos, foram privilegiados os cães com temperamento agressivo em relação a outros cães, visando o combate entre eles. Porém é possível o convívio com outros cães com a socialização e a adestração.

Sua agressividade se deve ao tamanho do cérebro, que é maior que a caixa craniana, causando dor ao animal pela compressão. É um completo absurdo, esse argumento é antigo, freqüentemente usado para explicar a agressividade de outras raças. No entanto, comprovadamente, o cão é reflexo de seu dono, e é este que ensina e estimula cada cão.

Pode ser criado em apartamento ou em lugares pequenos desde que, seu dono tenha tempo para exercitar o cão. O APBT é um cão como qualquer outro e a partir do momento que uma pessoa se predispõem em ter um, é necessário o cuidado e atender as necessidades da raça, como passear, se exercitar, socializar, etc.

Não é recomendável o uso de anabolizantes no APBT. O uso inadequado pode levar a degradação do tecido hepático. Também não é recomendável uma carga excessiva de exercícios, isto pode acarretar problemas musculares e de articulação no cão. A constituição física do Pit Bull é privilegiada, para destacar sua musculatura sem alterar a fisiologia do animal, basta uma carga de exercícios moderada.

Por ser um cão braquiocefálico (cabeça curta e larga), e por ter o masseter (músculo da mastigação que movimenta a mandíbula) curto, no desenvolver de uma mordedura rápida ocorre a tetania (troca de íons muito rápida) e a mandíbula do Pit Bull se trava. Isso faz parte do sistema muscular do animal e é algo totalmente involuntário.


Projetos e testemunhos:

I Copa APA de Pit Gameness, promovida na cidade de São Paulo e que terá em outubro sua 6ª etapa (serão 07 no total), em que cães da raça participam de provas esportivas especialmente desenvolvidas para eles, escalando, tracionando e saltando, com a finalidade de gastar e direcionar a energia e disposição dos cães.

Também funciona como uma maneira de afastar os cães da prática ilegal das rinhas, substituída por uma atividade saudável e competitiva, em que o cão e seu proprietário precisam de muita disposição e disciplina para realizar as provas.

As etapas são sempre divididas em 2 categorias: amador, para os cães iniciantes, e profissional, para cães já consagrados. Interessante ressaltar que alguns dos maiores campeões nos esportes são, também, cães que participam de um projeto independente de Terapia com Animais, na cidade de São Paulo, o que comprova que os esportes não incitam a violência no animal.

No Rio de Janeiro, RJ, o Pit Bull Clube do Brasil realiza também treinamentos de Pit Gameness e pequenos campeonatos em comunidades carentes. Afastando, assim, os cães das rinhas e seus proprietários do mundo da criminalidade.

Na cidade de São Paulo, uma Pit Bull de 3 anos chamada Arena é a “babá” de Isabella, uma garotinha portadora de paralisia cerebral. Seus médicos atestam que desde a chegada da cadela, a menina apresentou significativas melhoras no tocante à atenção, tônus muscular e também na tentativa de interação.

Por sua vez, a cadela acompanha a cadeira de rodas e traz seus brinquedos para interagir com a menina. Também em São Paulo, o pequeno Lucas, portador de paralisia cerebral, tem como sua melhor amiga a Pit Bull Duna, que é filha de dois dos maiores ícones do Pit Gameness.

Em Florianópolis, SC, um casal de Pit Bulls chamado Connan e Vida são os grandes companheiros de um casal de deficientes físicos. Carlos Augusto Prudêncio, ou Carlinhos, como é chamado pelos amigos, nasceu sem as duas pernas e um dos braços por conta de radiação de Raio-X quando ainda estava em gestação, na barriga de sua mãe; e sua esposa, Fabíola Sezerino, tem problemas de coordenação motora e fala por conta da falta de oxigenação em seu cérebro no momento do parto.

Ambos foram agraciados, em meados de 2003, com um filhote de Pit Bull, Connan, dado por um adestrador e amigo do casal. O cão, além de ser o companheiro inseparável de Carlinhos, também puxa sua cadeira de rodas, apanha objetos que caem no chão e outros “truques” ensinados para que o cão possa auxiliar seu dono nas tarefas do dia-a-dia. Vida é filha de Connan e, hoje com 2 anos, também ajuda seus donos em suas necessidades especiais. O casal é ferrenho defensor da raça e costuma dizer que um casal de deficientes físicos jamais optaria por ter um cachorro assassino em casa.


Conheça a APA:

A APA –Associação Pit Bull Amigo – Ong devidamente registrada, fundada em fevereiro de 2006, com sede em São Paulo, capital, tem como principais objetivos informar e conscientizar proprietários e também o público leigo a respeito da raça e também sobre a posse responsável de animais de estimação. Dessa forma, visa diminuir o preconceito em relação à raça American Pit Bull Terrier e seus proprietários.

Paralelamente, são realizados campeonatos de Pit Gameness (a já citada Copa APA), palestras e outras atividades, como o trabalho de TAA e AAA (Terapia Assistidas por Animais e Atividades Assistidas por Animais), chamado “Projeto Amigo Pit Bull”, realizado em Casas de Apoio no município de Diadema. Nessas atividades, quatro cães da raça American Pit Bull Terrier são levados para interagir com crianças de 0 a 7 anos de idade que se encontram sob tutela do Estado por terem sofrido abusos ou maus tratos em casa e também alguns casos de abandono.

Pelo contato com os cães, desenvolvem-se noções de cidadania, preservação ao meio ambiente, higiene pessoal, boas-maneiras e coordenação motora através de atividades lúdicas em que interagem diretamente com os cães, devidamente treinados para este fim, além dos já comprovados benefícios que o contato com animais domésticos traz ao desenvolvimento psico-social das crianças.

O cão não faz julgamento, não discrimina e não tem preconceito. Infelizmente e apesar dos benefícios que traz às crianças, o projeto está temporariamente suspenso por conta do preconceito, já que as notícias veiculadas dando conta de ataques de cães e generalizando todos os cães como sendo “assassinos” fez com que a diretoria das Casas de Apoio solicitasse que o trabalho fosse realizado, sim, mas com cães de qualquer outra raça.


Microchip:

Totalmente seguro, a utilização de microchip em animais de estimação e domésticos é o único método de identificação inviolável e permanente, além de oferecer inúmeras vantagens tanto para os criadores como para veterinários, federações, clubes e outros interessados.

Do tamanho de um grão de arroz, o transponder é implantada sob a pele do animal de forma indolor com o uso de um aplicador especial. No caso dos cães, o dispositivo é implantado na região da cernelha, entre as escápulas, tornando-se imperceptível ao toque. Após a implantação, o organismo se incumbe de encapsular o transponder, onde permanece por toda a vida do animal.

Dentro de cada transponder há um microchip, composto de um capacitor e uma bobina, lacrados hermeticamente em vidro biocompatível, o que impede a rejeição do dispositivo pelo organismo.

Por um leitor manual é possível acessar o número do microchip que fica registrado em uma central de identificação, onde constam todas as informações necessárias sobre o animal e seu proprietário. Em caso de fuga ou abandono do animal, é possível, através deste banco de dados, chegar ao seu proprietário.

Em Belo Horizonte foi aprovada a lei da obrigatoriedade do uso do microchip para a raça Pit Bull. Desde 2005 todos os cães que participam de eventos oficiais da CBKC devem, obrigatoriamente, portar o microchip. Há, também, projetos de Lei em São Paulo para que se torne obrigatória a identificação eletrônica.

Fonte: Taís González e Mônica Fettback