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Convulsões e epilepsia afetam cães e gatos.

Editoria: Vininha F. Carvalho 04/08/2006

O termo convulsão refere-se ao distúrbio paroxístico (ataque súbito) involuntário do cérebro, geralmente manifestando-se como uma atividade muscular descontrolada. Epilepsia refere-se à recorrência ou repetição das convulsões, particularmente se a causa fundamental não pode ser identificada (epilepsia idiopática).

As convulsões caracteristicamente são não precipitadas, estereotipadas e cessam espontaneamente.Portanto, a epilepsia é uma enfermidade funcional do cérebro caracterizada por convulsões tonico-clonicas, periódicas, recorrentes geralmente de breve duração e aparentemente similar à epilepsia do homem.

A epilepsia idiopática foi descrita em muitas espécies, mas com grande freqüência nos cães, principalmente nas raças Cocker Spaniel , Beagle, Pastor Alemão, Setter Irlandês, etc.Animais com epilepsia freqüentemente tem uma história de nervosismo e desorientação antes da convulsão.

Esta fase pré-ataque é seguida pelas próprias convulsões, que normalmente duram de 1 a 2 minutos e se caracterizam pela perda ou perturbação da consciência, pelo olhar fixo, pela alteração do tono muscular, movimentos dos membros (tonico-clonicos) e alguns animais também apresentam micção, evacuação e salivação. As convulsões podem começar no primeiro ano de vida do cão, mas com maior freqüência no segundo ano.

O local de origem das convulsões no cérebro é chamado de foco das convulsões sendo que elas podem ser amplamente divididas em dois grupos: nas formas generalizadas e focal (parcial).

As convulsões generalizadas costumam originar-se no córtex cerebral, tálamo ou tronco cerebral, estando associadas a disfunção eletroencefalográfica e clínica simétrica. As principais convulsões generalizadas afetando cães e gatos são as do grande mal (motor principal, tônico clônico).

As convulsões do pequeno mal, que se manifesta pela perda parcial da consciência e do tônus muscular, são um segundo tipo relativamente comum de convulsões generalizadas em seres humanos, mas de rara ocorrência em animais.

As convulsões focais caracteristicamente incluem aspectos clínicos que permitem uma localização mais precisa do foco das convulsões, como exemplo temos as que se caracterizam por alterações comportamentais tais como agressão, mordidas em objetos imaginários (mordidas em moscas) e caça a cauda sendo que suas localizações estão relacionadas com o sistemas límbico ou lobo temporal (convulsões temporo-límbicas).

As convulsões motoras focais geralmente se manifestam clinicamente por movimentos tônicos no lado do corpo contralateral ao foco das convulsões, estes movimentos tônicos podem ficar confinados a este lado, mas com frequência generalizam-se em poucos segundos.

Indivíduos que nunca exibiram evidência clínica de convulsões podem apresentar focos de convulsões, entretanto o limiar para a atividade das convulsões varia de indivíduo para indivíduo, implicando numa susceptibilidade inerente aos distúrbios convulsivos. Uma alteração que afete o cérebro primariamente (causa intracraniana) ou secundariamente (causa extracraniana), pode alterar o limiar das convulsões.

As principais afecções intracranianas que podem causar convulsões incluem: a encefalite, traumatismos, infarto cerebral, neoplasias e lesões congênitas como a hidrocefalia. Já as afecções extracranianas, causam a convulsão por alterar a homeostase (equilíbrio) bioquímico do cérebro.

Neste caso, se a agressão for externa ou exógena temos o caso das intoxicações com organofosforados, estricnina, hidrocarbonetos, por exemplo. Se a agressão for interna ou endógena a anormalidade ocorre em outro sistema do organismo como no caso da encefalopatia hepática, hipoglicemia , hipocalcemia, deficiência de vitaminas A e B, por exemplo.

Convulsões simples geralmente são transitórias, apresentando pouco efeito residual observável, contudo animais em estado epiléptico precisam ser avaliados e tratados tão logo seja possível, ou poderá sobrevir a morte.

A conduta, normalmente está associada a coleta de sangue para determinar os parâmetros bioquímicos séricos como a glicose e o cálcio, por exemplo, para o inicio da terapia anticonvulsivante, no entando as convulsões, freqüentemente, não podem ser completamente eliminadas, a despeito da causa.

O tratamento deve ser direcionado, se possível, para causa fundamental das convulsões, caso a mesma seja conhecida. Quando se desconhece a causa não há um tratamento específico e deve encaminhar-se para aliviar os sintomas clínicos.

Se foi firmado um diagnóstico de epilepsia idiopática é indicada uma terapia anticonvulsivante pois há indicios que a cada convulsão podemos ter o cérebro mais susceptível ao aparecimento de outras convulsões.

Os anticonvulsivantes devem ser considerados quando as convulsões estão ocorrendo a cada 6 semanas e muitas vezes é necessário que o tratamento deva ser feito para toda a vida do animal.

Em alguns casos, apesar do animal estar utilizando corretamente os anticonvulsivantes, ele ainda pode apresentar alguns episódios convulsivos e pior ainda, os medicamentos utilizados podem provocar efeitos colaterais potenciais.

Por outro lado, outros animais têm vida relativamente normal, caso seja ministrada uma medicação anticonvulsivante correta. Enfim, tudo isso deve ser discutido antes do início do tratamento.


Fonte: Dr. Gerson Bertoni Giuntini - Biólogo, Engenheiro Agrônomo e Veterinário

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