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Mico-leão-da-cara-dourada são transportados para o sul da Bahia, sua região de origem

Editoria: Vininha F. Carvalho 22/05/2013

O mico-leão-da-cara-dourada (Leontopithecus chrysomelas) habita a Mata Atlântica da região sudeste da Bahia e extremo nordeste de Minas Gerais, e está ameaçado de extinção, classificado como “Em Perigo” pelas listas da IUCN e do Ministério do Meio Ambiente.

Já o mico-leão-dourado (Leontopithecus rosalia) é encontrado apenas em remanescentes de Mata Atlântica da região costeira do estado do Rio de Janeiro, e também foi incluído como “Em Perigo” nas listas citadas. As duas espécies estão ameaçadas principalmente devido à destruição de seus hábitats.

Em 2002 foram observados, pela primeira vez, indivíduos de mico-leão-da-cara-dourada numa área florestada administrada pelo INEA –Instituto Estadual do Ambiente do estado do Rio de Janeiro, em Niterói.

Os indivíduos encontrados foram inadvertidamente introduzidos nessa área e sua população está se expandindo a ponto de ameaçar a sobrevivência dos micos-leões-dourados (nativos) que ocorrem nas regiões vizinhas.

A espécie introduzida se alimenta dos mesmos recursos (frutos e insetos), usa os mesmos locais de dormida e os mesmos territórios, podendo comprometer a sobrevivência do mico-leão-dourado através de competição direta e/ou introduzindo novas doenças.

Além disso, por ambas serem do gênero Leontopithecus, essas espécies podem vir a se acasalar, dando origem a híbridos que potencialmente ocupariam os remanescentes de Mata Atlântica, o que representaria uma nova ameaça ao mico-leão-dourado.

É urgente a remoção dos grupos de mico-leão-da-cara-dourada da região de Niterói, São Gonçalo e Maricá antes que o aumento e a expansão da população introduzida tornem inviável sua retirada – e essa foi a principal recomendação dos órgãos governamentais e não governamentais envolvidos na conservação das duas espécies, por meio do Plano de Ação Nacional para a Conservação dos Mamíferos da Mata Atlântica Central, coordenado pelo Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Primatas Brasileiros (CPB) do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).

Assim, desde junho de 2012, a ONG Instituo Pri-Matas está capturando os micos-leões-de-cara-dourada introduzidos no Rio de Janeiro, e depois transportando, soltando e monitorando esses animais numa área de Mata Atlântica protegida pela Veracel Celulose (Bemonte/BA), dentro da área de distribuição original da espécie.

Como os micos-leões-da-cara-dourada estão vivendo em matas vizinhas à cidade (com lixo, animais domésticos, casas etc.) e até recebem alimentos de moradores locais, podem pegar doenças das pessoas.

Por isso, eles precisam passar por quarentena e fazer vários exames de saúde no Centro de Primatologia do Rio de Janeiro, do INEA (Guapimirim/RJ), onde permanecem durante 30 dias e recebem alimentação e supervisão médica diária antes de serem transportados e soltos na Bahia.

Amostras de sangue, fezes, pelos e outros materiais biológicos são enviadas para laboratórios localizados nas universidades de São Paulo (USP), Federal Fluminense (UFF) e Paulista (UNIP), além dos institutos Pasteur/SP e Biológico/SP, sob a coordenação do Laboratório de Patologia Comparada de Animais Selvagens da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da USP.

Após a verificação da saúde dos animais, aqueles considerados saudáveis são transportados (cada família numa caixa separada) pela TAM Cargo para Porto Seguro/BA, e seguem para a área de soltura.

Alguns indivíduos de cada grupo recebem rádio-colar e são soltos e monitorados na nova área, para avaliação do sucesso do procedimento. Os gastos com os exames e transporte são custeados pelas instituições parceiras.

Em Niterói, uma equipe de educação ambiental do Instituto Pri-Matas e técnicos do Parque Estadual da Serra da Tiririca, administrado pelo INEA, também ajudam a explicar aos moradores da região a importância do projeto para a conservação dessas duas espécies ameaçadas de extinção.

Até o momento já foram capturados 104 indivíduos e translocados 66 para a Bahia; 17 estão na quarentena e quatro grupos (24 animais) que apresentaram resultados positivos para doenças permanecem em cativeiro.

Calcula-se que metade dos indivíduos já foi retirada da região de Niterói e, até o final do ano, a expectativa é capturar todos os remanescentes. No começo de março, foram observados os primeiros filhotes dos grupos soltos na Bahia, uma indicação do sucesso da adaptação dos micos-leões-de-cara-dourada na nova área.

O projeto tem apoio do CPB/ICMBio; da Secretaria do Ambiente do Rio de Janeiro e do INEA; e das secretarias municipais de Meio Ambiente, Recursos Hídricos e Sustentabilidade e de Educação de Niterói.

Recebe financiamento da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza, da RBO Energia (através da Câmera de Compensação Ambiental da Secretaria do Ambiente – RJ), do Tropical Forest Conservation Act-TFCA/FUNBIO, do Lion Tamarin of Brazil Funds, de Margot Marsh Biodiversity Foundation/Conservation International e MBZ Species Conservation Fund.

Fonte: Fundação Grupo Boticário