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Pesquisa desenvolvida no campus Sorocaba auxilia na preservação de ave considerada extinta na natureza

Editoria: Vininha F. Carvalho 30/03/2012

Uma pesquisa realizada por um grupo formado por biólogos, organizações não-governamentais, criadores de ave e usineiros quer levar de volta para o Nordeste uma ave considerada extinta na natureza.

O professor do campus Sorocaba da UFSCar, Mercival Roberto Francisco é coordenador da pesquisa sobre DNA, atua no Departamento de Ciências Ambientais (DCA) da UFSCar e participa desse grupo.

Ele aponta que a pesquisa comprovou a existência de Mutuns-de-alagoas (Pauxi mitu) puros-sangue, isto é, animais com o DNA genuíno dos antepassados, que é uma das aves mais ameaçadas do mundo.

“Com isso, podemos cruzar os indivíduos com a garantia de que perpetuarão a espécie”, diz o professor.

Sem nenhum indivíduo em estado silvestre, o que torna o Mutum-de-alagoas uma das mais raras aves do mundo, e com os indivíduos cativos restantes confinados em poucos locais, foi criado o “Comitê para Recuperação e Manejo do Mutum-de-alagoas Mitu mitu”, que tem como objetivos principais gerar informações e ações para reverter a situação pela qual a espécie atravessa no momento, tão próxima de uma extinção completa.

A ave, nativa da Mata Atlântica nordestina, foi encontrada no começo do século XVII, no período de colonização holandesa da região. A semelhança com um parente amazônico, o mutum-cavalo (Pauxi tuberosa), confundiu os cientistas.

Durante mais de 300 anos, o mutum-de-alagoas foi considerado o mesmo animal ou uma subespécie. Isso mudou em 1951 quando o ornitólogo Olivério Pinto identificou características que definiam o mutum-de-alagoas como uma espécie diferente.

Segundo Mercival, 54 das 121 aves existentes hoje são puro-sangue. Isso colocou o mutum à frente as ararinhas-azuis (com 70 indivíduos em cativeiro), na lista de aves ameaçadas.

A salvação da ave nordestina também representa o começo de um longo processo de restauração da Mata Atlântica nordestina.

O mutum é um exímio dispersor, e ao eliminar pelas fezes as sementes que ingere na alimentação, ele germina novas árvores – e ajuda a aumentar a floresta.

A próxima missão para o mutum-de-alagoas é reaprender a viver na natureza, desde comer sozinho até cruzar e fugir dos predadores. Ele precisará de áreas grandes (e contínuas) de mata encorpada e árvores frutíferas. Nove usinas de Alagoas, em cujas propriedades ainda há fragmentos de Mata Atlântica, comprometeram-se com o Ministério Público a replantar floresta.

Fonte: UFSCar