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Manejo florestal é mais um trunfo do Brasil na Conferência do Clima

Editoria: Vininha F. Carvalho 20/11/2009

Está muito correta a tese da indústria brasileira, consubstanciada no documento preparado pela CNI como subsídio do setor à Conferência do Clima (COP 15), a ser realizada em dezembro, em Copenhague, na Dinamarca, de que os países desenvolvidos comprometam-se com metas ambiciosas para a redução de emissões dos gases de efeito estufa.

Afinal, eles forjaram seu vultoso progresso socioeconômico no âmbito de um modelo produtivo altamente consumidor de carbono e, durante mais de dois séculos, alheio às consequências da poluição ambiental.

É óbvio que as nações emergentes e em desenvolvimento não podem seguir a mesma cartilha, a esta altura da degradação dos ecossistemas e biomas em todo o Planeta e ante os riscos de aquecimento. Terão de encontrar alternativas para sua prosperidade no contexto de uma economia sustentada por fontes alternativas e renováveis de energia.

No entanto, a sua participação no esforço global contra as mudanças climáticas precisa garantir-lhes o direito ao crescimento sustentado, ao consumo de bens essenciais e à melhoria da qualidade da vida. É uma questão básica de justiça.

Por suas dimensões, alta disponibilidade de energia limpa e renovável, em especial a hidrelétrica e os bicombustíveis, a maior área agricultável disponível em todo o mundo, rica biodiversidade e o santuário amazônico, o Brasil coloca-se numa inevitável posição de liderança dos emergentes nesse embate decisivo da humanidade.

Em nossa matriz energética já há predominância de 46% de fontes limpas. Ademais, nossa indústria, numa demonstração de seu compromisso com o meio ambiente, contribui com apenas 8,8% das emissões nacionais. Também se verificam avanços no agronegócio.

Responsável por 28% da matriz energética nacional e produzindo energia renovável, o setor contribui com 26% do PIB brasileiro. Abrangendo as florestas plantadas e a produção de cana-de-açúcar, gera oferta de etanol, bagaço e carvão vegetal renovável.

O setor empresarial, portanto, tem contribuído muito para o advento de uma nova economia em nosso país. Além disso, tem-se dedicado à identificação das fontes poluidoras, por meio da crescente realização de inventários de emissões de gases de efeito estufa.

Dessa maneira, o Brasil tem nas ações de sua iniciativa privada um grande trunfo para apresentar na COP 15 e defender contrapartidas das nações desenvolvidas.

Além disso, o País apresenta, a partir de experiências bem-sucedidas no manejo de florestas, ótimas oportunidades de investimentos conciliados com a redução das emissões de carbono e, portanto, com altos benefícios sociais e ambientais para a população brasileira. Exemplo de como isso é viável encontra-se nas ações da indústria madeireira do Acre, um referencial na decisiva prática do manejo florestal sustentável.

No Estado, 80% das empresas de transformação da madeira trabalham absolutamente dentro desses parâmetros ecologicamente corretos. As principais já têm o selo verde, uma garantia de respeito às normas ambientais e fator condicionante para que os produtos sejam aceitos nos principais mercados.

Assim, o Acre tem sido um verdadeiro modelo na Amazônia nessa importante área da madeira certificada. Graças a isso, conseguiu conquistar o mercado externo, atendendo aos requisitos dos importadores mais exigentes. Europa, Ásia e Estados Unidos são os principais compradores.

No mercado interno, o Estado de São Paulo é o maior consumidor da produção acriana, mas também aceita apenas a entrada da madeiras certificadas. O braço brasileiro da organização ambiental global WWF foi um dos parceiros na elaboração da Agenda do Setor Madeireiro Empresarial, elaborada pelo Sindusmad (Sindicato das Indústrias Madeireiras do Estado do Acre), com amplo apoio da Fieac (Federação das Indústrias do Estado do Acre), à qual é filiado.

O êxito desse programa evidencia serem compatíveis a meta de redução da emissão dos gases de efeito estufa e atividades legais geradoras de emprego e renda.

Portanto, a multiplicação de iniciativas como a do setor madeireiro do Acre pode constituir-se na base para que o País cumpra sua responsabilidade de preservar a Floresta Amazônica.

Este avanço, somado a todos os outros diferenciais da indústria e do potencial de energia limpa e renovável, daria ao Brasil argumentos inquestionáveis para defender a justiça com os pobres e emergentes na Conferência do Clima e em todas as negociações sobre o tema.



Fonte: João Francisco Salomão - presidente da FIEAC